Marco Stefanini, controlador de um dos maiores grupos de tecnologia do país, comanda mais de 30 empresas, mas tem um plano mais ambicioso para uma delas, a Topaz. Em 2021, em plena pandemia, a empresa especializada em serviços financeiros quase abriu o capital na B3. O mercado fechou e o projeto voltou para a gaveta. Agora, o empresário aguarda uma nova brecha para atrair investidores.
“Quando o mercado melhorar, a gente volta com o IPO [oferta inicial de ações], mas não no Brasil. Vamos para Nova York”, diz Marco, cujo sobrenome batiza a empresa fundada por ele em 1987. Ele lembrou que o plano de ir à bolsa, em 2021, se daria em duas etapas — primeiro a Topaz e na sequência, a Stefanini, que desenvolve softwares e vende serviços de tecnologia. O empresário sorri quando fala da Topaz, que atende grandes bancos: “Não perdeu um cliente em 10 anos!”.
Enquanto a janela no mercado de capitais em Nova York não abre, Marco continua fazendo aquisições e projeta para este ano chegar a um faturamento bruto de R$ 7,5 bilhões. “Não precisamos da bolsa para fazer aquisições, a não ser que seja uma de grande porte”, diz.
Comprar outras empresas de tecnologia, de pequeno e médio portes, tem sido uma alavanca importante de crescimento para o grupo. A movimentação mais recente foi a compra de participação majoritária da empresa brasileira de cibersegurança da Safeway Consultoria.
O plano é unir a Safeway à Cyber Smart Defense, da Romênia, e à Stefanini Rafael, joint venture com a Rafael, empresa israelense de tecnologia voltada para segurança militar. O grupo tem “centros de operação de segurança” no Brasil, Peru, Índia e Romênia.
O negócio de cibersegurança faz parte da unidade que o grupo chama de “ventures” — abriga também serviços financeiros, marketing digital e análise de dados. Esta unidade, que há sete anos faturava R$ 50 milhões, fechou 2022 com receita bruta de R$ 1,5 bilhão.
A Stefanini, que deu origem ao grupo e fatura vendendo softwares e serviços, chegou a R$ 4,7 bilhões no ano passado. A pandemia de covid-19, que levou mais empresas a investir na digitalização de seus negócios, também ajudou, “um pouco”, a aumentar o faturamento nos últimos anos. Mas, segundo Marco, uma parte do crescimento do grupo tem outra explicação. “Nos últimos cinco anos, nossa gestão melhorou, com o modelo de dar mais autonomia na ponta”.
Juntando esses três fatores — aquisições, a transformação digital das empresas que recebeu um impulso importante na fase aguda da pandemia e a melhoria na gestão — o faturamento do grupo quase dobrou nos últimos três anos. Passou de R$ 3,3 bilhões em 2019 para R$ 6,2 bilhões no ano passado.
É verdade que a economia global está desacelerando neste ano, em relação a 2022, e isso pode afetar os planos de empresas que compram produtos e serviços de tecnologia. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) global cresce 1,4% neste ano. Em 2022, o aumento foi de 2%.
Mas Marco parece mais preocupado com a proposta de reforma tributária que deverá ser debatida neste ano pelo Congresso. A adoção do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) pode levar muitas empresas para a informalidade, diz ele. “A reforma vai ser boa para a indústria. E é o setor de serviços que vai pagar essa conta”.
Fonte: Valor Econômico