Depois de mais do que dobrar seu faturamento bruto nos últimos anos, agora a Stefanini busca aumentar a receita vinda em moeda forte. Dos R$ 7 bilhões de receita registrados em 2023, cerca de 55% foram em dólar ou euro. A gigante brasileira de tecnologia vê potencial de ampliar seus serviços no mercado internacional, com foco em cibersegurança, tecnologia bancária e inteligência artificial.
“O mercado global é mais atrativo, naturalmente, pelo tamanho dele em relação ao Brasil e pelas possibilidades de aprendizado. O mercado externo tem experiências diversas que nos ajudam a subir de nível”, explica Marco Stefanini, fundador e CEO do grupo.
“A entrada de empresas brasileiras no exterior não é fácil, a começar pela barreira linguística, mas estamos tentando mudar esse cenário”— Marco Stefanini, CEO do Stefanini Group
O executivo se mostra cético com o frenesi em torno da inteligência artificial, mas reconhece que muitas iniciativas poderão acelerar com a ascensão da IA generativa. “A inteligência artificial é mais cross de nossas soluções do que core“, diz. “Trabalhamos há 12 anos com IA, a automação há anos faz parte da nossa indústria. Mas, apesar dos modismos, a inteligência artificial generativa muda as coisas de patamar”.
Na visão de Marco, a tecnologia pode ajudar em três frentes: incorporar novas funções aos produtos existentes, dar escala a soluções que atualmente são mais caras e restritas e entregar novas ferramentas de maneira mais rápida. Com isso, a expectativa é que as seis unidades de negócios do grupo (technology, banking, marketing, cibersegurança, analytics e manufacturing), também conhecidas como “torres”, tenham um portfólio mais completo para que a Stefanini aumente a receita em 20% neste ano, com uma participação em moeda forte chegando a 60% do total.
Expansão internacional
A tese de expansão internacional do Stefanini Group começou há quase 30 anos, na Argentina, mas a estratégia ganhou força mesmo a partir de 2010, com a compra da americana TechTeam – naquele ano, a empresa registrou o primeiro faturamento de R$ 1 bilhão de sua história. De lá para cá, o crescimento foi exponencial, chegando a 41 países de atuação e permitiu que a empresa fizesse incursões, por meio de aquisições, em todos os continentes do planeta, sendo a parte Ocidental da Europa uma das bolas da vez.
Por lá, a aquisição mais recente foi a da italiana Solve.IT, que abriu as portas para grandes clientes do norte do país. “Ela é a segunda região mais industrializada da Europa e havia muitos clientes relevantes na carteira. Além de ser uma aquisição que nos acelera geograficamente, também tem a questão de países como Itália, França, Espanha e Portugal priorizarem empresas locais”, acrescenta o executivo.
Isso não significa que a empresa não tenha olhos para o Brasil. Das 30 aquisições feitas desde 2015, a maior parte delas foi feita no país. “Temos duas estratégias de M&As, uma para acelerar alguma geografia e outra para ampliar portfólio, e atualmente vemos essa segunda como uma tendência”, reforça Marco, lembrando ainda que há poder de fogo da companhia para crescer, em um plano que prevê R$ 1 bilhão em investimentos até 2026.
Para os próximos anos, uma alternativa de financiamento pode ser o mercado de capitais. Com seu crescimento sustentado apenas por capital próprio, o Stefanini Group volta seus olhos para uma oferta pública inicial (IPO, em inglês) a partir do próximo ano. Na avaliação de Marco, a holding e a Topaz, empresa de banking do grupo que fatura cerca de US$ 160 milhões por ano, são os ativos mais maduros para uma listagem. “Temos interesse, mas não temos pressa. Temos um balanço saudável e podemos esperar a melhor janela”, conclui o CEO.
Fonte: infomoney