Marco Stefanini, CEO global do Grupo Stefanini, defende regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil – mas sem impedir a inovação
Inteligência Artificial (IA) é uma tecnologia transformadora que exige cuidados para ser bem utilizada e gerar bons resultados para as empresas e para a sociedade. Para Marco Stefanini, trata-se de um assunto tão estratégico que não é possível avançar sem regulamentação.
“Não é possível atuar de forma responsável e continuar crescendo com IA sem uma boa regulamentação. Mas é preciso fazer o balanceamento adequado, para que a regulamentação não iniba a inovação”, afirma o executivo.
Para ele, essa é uma grande oportunidade de reduzir o gap no Brasil em relação aos principais mercados mundiais – desde que esse ponto seja endereçado da maneira correta. “Essa é uma decisão que não pode ser politizada. O Plano Nacional de Inteligência Artificial, que já vem sendo discutido, precisa se basear em aspectos técnicos, para criar um arcabouço legal sólido, responsável e que permita a inovação e o desenvolvimento de negócios”, diz Marco.
Para ele, a principal questão está relacionada ao aculturamento das pessoas quanto ao uso, possibilidades e limitações da tecnologia. Assim, é importante tomar cuidado com a qualidade das informações usadas para treinar a IA e sempre fazer um trabalho cuidadoso de revisão das informações.
“A IA não é treinada para dizer que não sabe a resposta, então sempre irá propor uma solução, mesmo que incorreta. Por isso, é preciso explicar para as pessoas que a Inteligência Artificial não é um oráculo, e sim uma ferramenta de produtividade que nos torna mais eficientes no que fazemos”, explica o executivo. “Usar nosso senso crítico nunca foi tão importante”, acrescenta.
Já nos ambientes B2B, o mais importante é trabalhar com ambientes de dados controlados, em que é possível garantir a qualidade das informações que alimentam os sistemas. “A IA é tão boa quanto a qualidade dos dados que você inseriu no sistema. Por isso, tudo nasce no cuidado com a coleta das informações”, analisa.
Trabalhando há mais de 10 anos com Inteligência Artificial, o Grupo Stefanini enxerga inúmeras oportunidades no uso de IA, especialmente da IA Generativa. Para bancos, por exemplo, a tecnologia pode acelerar a migração de sistemas legados para plataformas mais modernas, pois facilita o desenvolvimento de códigos pelos profissionais de TI. Cibersegurança, infraestrutura e marketing são outras áreas com grandes desenvolvimentos.
“Estamos vivendo o começo de uma curva de crescimento exponencial no uso da tecnologia. É um momento de riscos, mas também de grandes oportunidades”, avalia Marco. “Uma legislação sólida em âmbito nacional é importante para oferecer proteção, mas é preciso ter um equilíbrio para não inibir a inovação. Somente a discussão em toda a sociedade poderá trazer bons resultados e o necessário equilíbrio”, completa.