Como a liderança pode abraçar a transformação digital - Stefanini Brasil

Como a liderança pode abraçar a transformação digital

No livro “Liderança e propósito: O novo líder e o real significado do sucesso”, o consultor Fred Kofman afirma que “A única forma de fomentar o comprometimento e alinhamento em sua empresa é tornando-se o modelo de comportamento que espera que todos os demais sigam.” A opinião dele reflete muito do que acredito para o processo de transformação digital das empresas, que transcende o uso de novas tecnologias e mira na mudança de mindset, e que deve ser priorizada pela alta direção, especialmente pelos CEOs, como forma de inspirar e mobilizar as equipes.

A partir da definição de um propósito, é importante comunicá-lo de forma transparente aos colaboradores para que eles saibam onde a empresa está e para onde deseja caminhar, dando a eles a oportunidade de refletir se há sinergia com os propósitos individuais, o que cada um pode fazer para contribuir com o growth mindset (mentalidade de crescimento), essencial para os processos de transformação em qualquer segmento. O próprio líder deve se perguntar qual é o propósito do que está fazendo, de que maneira pode melhorar a vida de seu público interno, dos clientes e da sociedade, e mostrar ao seu time porque vale a pena investir na mudança, que, na maioria dos casos, envolve riscos, transpiração e muito aprendizado.

Se antes o líder atuava como um chefe que delegava funções e tinha respostas prontas para os problemas, hoje o conceito de liderança é muito mais amplo. Primeiro porque a pandemia mostrou que há muitas incertezas e que, numa questão de meses, de dias, tudo pode virar do avesso. No mundo BANI – frágil, ansioso, não linear e incompreensível -, gerir pessoas é também colaborar, se colocar no lugar do outro, estimular o potencial das pessoas, ouvir e não apenas falar, desenvolver a confiança com os colaboradores, admitir as próprias vulnerabilidades sem desistir de algo que acredita, mesmo que haja ajustes no meio do caminho. É um misto de humildade, resiliência e muita vontade de fazer diferente e melhor.  

Para promover a transformação digital, o CEO precisa se convencer de que ela é inevitável e abraçá-la como sendo algo primordial para o presente e futuro. Partindo do pressuposto de que as mudanças irão acontecer em função da evolução do mercado ou por situações que fogem ao nosso controle, é fundamental que as corporações embarquem o quanto antes nesta jornada. Ao identificar as principais dores e oportunidades, o líder deve focar naquilo que é prioritário e buscar o máximo engajamento da equipe, que precisa se sentir valorizada. Não basta se concentrar apenas no resultado, mas também na maneira de atingi-lo a partir da definição de metas, do desenvolvimento de seus talentos, considerando as dinâmicas da nova economia, os modelos híbridos de trabalho, a capacidade adaptativa e o bem-estar dos colaboradores.

  Embora a transformação digital tenha muito mais a ver com a mentalidade das pessoas, várias tecnologias como Analytics, Inteligência Artificial e Machine Learning podem contribuir na geração de insights importantes para a aceleração de projetos. Quando falamos em inovação, não precisamos necessariamente criar algo do zero, mas aproveitar soluções que já existem para resolver uma questão ou trazer mais eficiência. O crescimento exponencial do e-commerce nos últimos dois anos é um exemplo de como a transformação digital pode facilitar a adaptação a novos cenários e reforçar as culturas data-driven e customer centric.

Usar os dados de maneira correta permite conhecer o comportamento do cliente para lhe oferecer serviços e atendimento hiperpersonalizados, uma grande tendência para os próximos anos com a chegada da Web 3.0, apontada pelos especialistas como a terceira onda ou nova era da Internet. Os negócios algorítmicos, também chamados de Algorithmic Business, são uma grande estratégia para o futuro, pois utilizam algoritmos matemáticos complexos para auxiliar na tomada de decisão das empresas. Assim, fica mais fácil conduzir decisões de negócios aprimoradas ou, ainda, atuar na automação de processos para diferenciação competitiva e escalonamento dos negócios.

Outro ponto importante quando se fala em transformação digital é a adoção do Business Agility, um conjunto de capacidades organizacionais, comportamentos e formas de trabalho que proporcionam à sua empresa a capacidade de competir e prosperar na era digital, permitindo responder rapidamente às mudanças do mercado e oportunidades emergentes com soluções de negócios inovadoras. O modelo contribui na reestruturação, ressignificação, adaptação da cultura e transformação dos negócios com menos burocracia e mais sinergia com o cliente.

Com soluções cada vez mais integradas para fazer a gestão da inovação com foco no cliente, a demanda por líderes determinados a desenvolver e contribuir com a maturidade dos processos de transformação digital tende a crescer. Como disse anteriormente, o envolvimento do CEO e da alta direção é um grande aliado para convencer o time a vir junto e acelerar mudanças que podem definir o futuro de uma organização. É necessário preparar outras lideranças para que novas estratégias e modelos de negócios possam ser criados, testados e implementados. E para esse desafio, tão importantes quanto as competências digitais são as comportamentais, que incluem inteligência emocional, abertura para aprender coisas novas, lidar com as contradições e divergências, manter a escuta ativa e cultivar o senso de colaboração e pertencimento.  

Nem todos nascem líderes, mas certamente podem aprender a ser um deles. Segundo Warren Bennis, um dos pioneiros no campo contemporâneo de estudos da liderança e autor de “A essência do líder”, existem quatro competências essenciais. “Primeiro, são capazes de arregimentar os outros ao criar um sentido compartilhado. Eles têm uma visão e são capazes de convencer as pessoas a abraçar como delas essa visão. Segundo, todo líder autêntico tem voz própria. A terceira qualidade que todo líder de verdade precisa ter é integridade. Mas a única competência que, hoje me dou conta, é absolutamente essencial para líderes – a competência base – é a capacidade adaptativa. A capacidade adaptativa é o que permite que os líderes reajam de forma rápida e inteligente à inexorável mudança.”

Que sejamos resilientes e adaptativos às transformações que ainda estão por vir! Se há incertezas, há também conhecimento, disciplina, criatividade e colaboração para nos desafiar a sermos melhores como pessoas e profissionais. Nenhum líder precisar saber tudo. O importante é fornecer as ferramentas ideais para que as pessoas se preparem e se fortaleçam como equipe. A transformação digital não é solitária. Seu sucesso está justamente na cocriação.

Fonte: Época Negócios

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