As transformações tecnológicas atingiram uma velocidade tão grande nos últimos anos que estão revolucionando o mundo como o conhecemos até agora. O mundo real e o virtual estão se fundindo, modernas tecnologias da informação e da comunicação estão sendo combinadas com processos industriais tradicionais, alterando assim as várias áreas de produção. Depois de três revoluções industriais, surge a próxima etapa que os especialistas chamam de Indústria 4.0 ou quarta revolução industrial, a era das tecnologias disruptivas.
Nesta nova etapa, os algoritmos se tornam protagonistas para agregar o maior volume de informações – estruturadas e não estruturadas, que serão analisadas em tempo real para fornecer insights estratégicos que contribuam para uma experiência melhor do usuário e geração de novas oportunidades de negócios para as empresas.
A Indústria 4.0 será cada vez mais automatizada e controlada por robôs. Máquinas dotadas de sensores conseguirão comunicar-se entre si e tornar o processo produtivo cada vez mais eficiente, permitindo, por exemplo, controle remoto das operações, monitoramento de consumo energético em plantas industriais e otimização de transporte de pallets em um centro de armazenamento, com a proposta de diminuir tempo de ociosidade e deslocamento das transportadoras.
Da mesma forma, os sensores terão um papel importante na construção de cidades inteligentes. De acordo com o Gartner, só este ano cerca de 380 milhões de coisas/dispositivos conectados estarão em uso nas grandes metrópoles para alcançar metas de sustentabilidade. Esse número subirá para 1,39 bilhão de unidades em 2020, representando 20% de todas as coisas conectadas em uso nas cidades inteligentes.
Cada vez mais, as soluções de robótica e Internet das Coisas (IoT) serão utilizadas para auxiliar a população no atendimento à saúde, com monitoramento remoto de pacientes e implementação de quartos inteligentes, bem como na distribuição de energia, otimização de frotas do transporte público e abastecimento de água.
No Brasil, a transformação digital começa a ganhar um espaço de destaque nas corporações. Mesmo quem ainda não tem um projeto estruturado nesta área já pensa em investir em novas tecnologias para ampliar os índices de eficiência. Fazer mais com menos tornou-se uma questão de ordem na maioria das empresas, independente do segmento em que atuam.
Existe, no momento, uma grande oportunidade para as companhias de TI investirem no core de negócios que ainda não tenham grande familiaridade com a tecnologia, mas que certamente dependerão dela para fazer essa transição para a Indústria 4.0. No mundo digital, vários produtos precisam ser integrados para compor uma nova oferta. O grande desafio é criar interfaces para integrá-las de forma fluida, beneficiando o nosso cliente e os clientes dele.
Para acompanhar a transformação digital é necessário engajar os profissionais e treiná-los para que desempenhem suas novas funções no curto e médio prazo. Os profissionais técnicos precisarão desenvolver principalmente quatro características: formação multidisciplinar, capacidade de adaptação, senso de urgência e capacidade de colaboração em equipe.
Se num primeiro momento pode haver um gap entre os profissionais, já que alguns terão mais habilidades que outros, ao longo do tempo o cenário tende a se equilibrar, a partir de investimentos que as próprias pessoas, empresas e governo farão para se adaptarem aos novos perfis exigidos. A busca por talentos continuará sendo imprescindível para agregar valor às organizações, mesmo com a chegada dos novos robôs. A transformação digital é dinâmica, urgente e necessária para o mercado de trabalho e também para a qualidade de vida das pessoas. A nova revolução chegou repleta de possibilidades e cabe a nós – como sociedade – estudar, planejar e executar um roadmap também da área educacional para formar a mão de obra do futuro.
(*) Marco Stefanini é CEO global do Grupo Stefanini.