Open banking é o termo usado para designar uma nova era dos serviços financeiros em geral. O que se espera daqui para a frente é uma série de mudanças profundas na forma como as instituições financeiras se relacionam e conduzem suas atividades.
Além disso, essa é uma abordagem totalmente inserida no contexto da Transformação Digital, movimento global em que todas as atividades produtivas passam a ser digitalizáveis.
Vamos conferir de que forma isso vem acontecendo e como esse conceito impacta nas rotinas de empresas ligadas ao setor financeiro?
O que é Open Banking e como surgiu?
O conceito de banco aberto, como também é conhecido o open banking, deriva do movimento de inovação aberta — open innovation.
Seu idealizador é o economista e professor de Harvard Henry Chesbrough, que em 2003 publicou o livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology (HBS Press).
Basicamente, a proposta de sistema bancário aberto defende o compartilhamento de dados de clientes entre as instituições financeiras, desde que haja consentimento.
Dessa forma, pretende-se aumentar a competitividade no setor, estimulando a entrada de novas empresas no mercado, evitando assim a concentração bancária.
Quais são as fases?
A propósito, no Brasil, a desconcentração do sistema financeiro é o principal impacto do open banking esperado daqui para a frente. Tanto que o Banco Central do Brasil (BC) criou a chamada Agenda BC, em que a implementação do sistema aberto deverá seguir um cronograma. No total, foram previstas 4 etapas:
- em 01/02, os dados padronizados começaram a ser compartilhados entre os bancos;
- em 13/08, teve início o compartilhamento de dados relacionados a serviços bancários;
- em 29/10, está prevista a integração de serviços e transações de pagamentos, inclusive o Pix;
- em 15/12, a quarta e última fase de implementação do Open Banking, em que passarão a ser compartilhados dados de operações de câmbio, seguros, previdência e investimentos, entre outros.
Como tem sido o processo de implantação?
A modernização do sistema bancário brasileiro caminha a passos largos e disso depende o futuro financeiro do próprio país. Sendo assim, pode-se dizer que, até agora, a implementação do novo sistema de banco aberto tem sido bem-sucedida.
Esse sucesso, por sua vez, é respaldado na experiência positiva do modelo na Europa, onde o Open Banking segue as diretrizes da RGPD, a lei de dados do Velho Continente. Por lá, o sistema tem tido boa aceitação e tem estimulado a entrada no mercado de bancos digitais com serviços financeiros totalmente online e sem custos.
Como funciona e em que consiste?
No novo modelo, todas as instituições financeiras deverão ser, de certa forma, um digital banking. Mas o Open Banking promete muito mais, já que, além dos serviços eletrônicos 100% online, nele o compartilhamento de dados financeiros deverá elevar o patamar dos serviços prestados.
Afinal, o poder de decisão sobre os dados e histórico financeiro passará a ser de cada correntista ou investidor. Portanto, o sistema de banco aberto funcionará pautado no interesse do cliente final.
Quais são as vantagens?
O sistema bancário aberto deverá mudar até mesmo a maneira como serviços financeiros são terceirizados por meio de BPO. Isso porque a abertura dos dados deverá tornar as operações menos sujeitas a riscos, falhas de segurança e fraudes contra o sistema financeiro e contábil.
Mas, nessa nova configuração do mercado, certamente o maior beneficiado é o cliente que deverá perceber, depois da implementação, uma série de melhorias esperadas. Veja a seguir as principais delas.
Mais transparência
Um sistema bancário no qual os dados não são mais propriedade dos bancos é, necessariamente, mais justo e transparente. Lembrando sempre que cabe ao cliente, e não ao banco, decidir pelo compartilhamento das informações financeiras ou não.
Redução de custos
Outra consequência esperada é a redução de custos para os bancos que passarão a depender menos de intermediários para realizar seus processos. Isso graças às integrações via APIs, que permitirão os aplicativos e sites coletar dados, repassando-os automaticamente para as instituições financeiras, sem gerar custos.
Serviços personalizados
No contexto da inovação aberta, a experiência do cliente assume um papel fundamental, sendo o principal alvo das empresas que buscam expandir suas atividades.
Com o banco aberto, o cliente deverá receber ofertas adequadas às suas necessidades, já que as instituições financeiras poderão ter acesso ao seu histórico bancário.
Por exemplo, ao pedir um empréstimo, o cliente poderá ter uma resposta mais rápida, já que a instituição terá como fazer uma análise mais precisa e em menos tempo. Outro ponto positivo é que deverá diminuir a exigência de garantias, uma vez que o perfil do cliente bancário será compartilhado.
Inclusão financeira
De acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva, cerca de 34 milhões de brasileiros não têm acesso a serviços financeiros no país. A exclusão bancária é um desafio a ser enfrentado por todas as instituições bancárias, tanto é que o projeto Inclusão Financeira do BC, mesmo tendo sido lançado em 2009, permanece atual.
A partir do Open Banking, é esperado que a exclusão diminua, já que haverá mais bancos, fintechs e instituições dispostas a atender até mesmo as camadas mais humildes da população.
Transações mais seguras
Embora se possa pensar em um primeiro momento que o banco aberto favorecerá o uso indevido de dados, na verdade o que deve acontecer é o oposto disso.
Afinal, as APIs de integração de sistemas são desenvolvidas conforme rígidos protocolos de troca de informações, os quais garantem a proteção dos dados através de criptografia, entre outras tecnologias.
Mais receitas para bancos e fintechs
As fintechs em estágio inicial poderão ter uma alavancagem maior no início de suas atividades, já que também poderão se beneficiar dos dados compartilhados. Os bancos também serão beneficiados, já que não haverá mais “nichos” fechados de mercado, tampouco monopólios ou oligopólios de instituições concorrentes.
Quais os desafios e como superá-los?
Como vimos, a implementação do sistema bancário aberto deverá superar certos obstáculos, sendo o mais difícil deles a exclusão financeira. Além disso, no Brasil, as empresas continuam tendo que lidar com a complexidade do sistema tributário. Isso sem contar as altas alíquotas de impostos cobrados pelo fisco às instituições financeiras em geral.
No entanto, o que se espera para o futuro próximo é o aumento da competitividade, a redução dos custos bancários para o cliente, além do aumento da segurança e confiabilidade nas transações.
E você, também acha que o Open Banking é uma boa ou ainda tem dúvidas sobre essa nova abordagem? Seja qual for a sua opinião, não deixe de assinar a newsletter da Stefanini para ficar sempre a par dos últimos acontecimentos!