O Web Summit, que consolidou o ecossistema de inovação em Portugal, chegou ao Brasil para criar conexões importantes entre profissionais de vários países para discutir as transformações tecnológicas e sociais atuais, que já impactam o presente e poderão garantir o futuro enquanto sociedade e organizações. Sem dúvidas, o tema Inteligência Artificial ganhou os holofotes na grade de programação do evento. Mesmo os painéis e palestras que não tinham a IA como tema principal acabaram convergindo para sua inevitabilidade. Mais cedo ou mais tarde (não adie muito….), ela estará entre nós e poderá ser o grande diferencial competitivo para as organizações
Com mais de 20 mil participantes, o evento debateu o uso da tecnologia como forma de disrupção para os negócios e para a sociedade, destacando a busca premente de mais eficiência digital. Segundo o site Statista, espera-se que o mercado global de IA chegue a US$ 1,847 trilhão em 2030. A MIT Sloan School of Management revela que cerca de 92% das grandes empresas já obtêm retorno sobre seus investimentos em Inteligência Artificial.
No Web Summit Rio, ficou claro que a transformação digital vive um novo momento, em que eficiência, gestão e inovação devem caminhar juntas. Assim como no SXSW, NRF e Mobile Word Congress (MWC), fazer o básico bem-feito é uma forma de construir o presente e pavimentar o futuro. Sem boa gestão, a inovação não move os ponteiros da rentabilidade. Para tanto, ela precisa estar alinhada ao modelo de negócios, à estratégia, às metas e a uma cultura baseada em dados (data-driven).
Os debates no Rio de Janeiro deixaram claro que, a partir de agora, a IA generativa impactará, cada vez mais, áreas comerciais, de logística, recursos humanos, atendimento ao cliente, segurança e inúmeras outras, se tornando uma ferramenta importante e complementar na geração de oportunidades de negócios.
Com o crescimento do uso das novas tecnologias de IA, que tendem a avançar muito além do ChatGPT e ferramentas similares, surge a necessidade de discutir sua regulamentação. Apesar dos benefícios da IA generativa, há também aspectos sensíveis e negativos a serem considerados, como os riscos aos direitos de personalidade, invasão de privacidade, vieses discriminatórios, informações que, embora pareçam verdadeiras e bem construídas, podem induzir ao erro.
Recentemente, vários executivos de tecnologia, incluindo o CEO da Tesla, Elon Musk, e o pioneiro da IA, Yoshua Bengio, pediram um “freio” no desenvolvimento de novas e poderosas ferramentas de IA. As dúvidas em relação à tecnologia também mobilizam legisladores ao redor do mundo. No dia 11 de maio, por exemplo, parlamentares europeus aprovaram novas regras para ferramentas de IA. A Lei de Inteligência Artificial da União Europeia poderá ser a primeira legislação abrangente que rege a tecnologia, como novas regras sobre o uso de reconhecimento facial, vigilância biométrica e outras aplicações.
Toda revolução tecnológica traz consigo muitos avanços, mas também novos desafios. E é fundamental que a comunidade de inovação esteja atenta a isso, não só para que se promova um desenvolvimento ético de novas tecnologias, mas também porque muitas oportunidades de negócio podem surgir daí. Nesse momento em que tudo acontece de maneira rápida e muito intensa, é importante que as empresas, pesquisadores, governos e juristas alimentem o debate e unam esforços para que a tecnologia avance cada vez mais e promova transformações importantes, sem, no entanto, ultrapassar as fronteiras da ética e da cidadania.