Bruno Szarf, VP de Gente e Cultura do Grupo Stefanini, fala dos desafios para adoção de Inteligência Artificial nas empresas
O impacto da Inteligência Artificial (IA) sobre os negócios é cada vez mais intenso. O surgimento da IA Generativa há menos de dois anos colocou a tecnologia em evidência, mas empresas inovadoras como o Grupo Stefanini desenvolvem IA há mais de uma década – e aprenderam muito ao longo dessa jornada.
Os benefícios se apresentam tanto em processos internos da empresa quanto nas soluções oferecidas aos clientes – e nas mais variadas aplicações. Para uma empresa global, que está presente em mais de 30 países, o impacto positivo da IA para a criação de uma cultura unificada não pode ser menosprezado. “Conseguimos traduzir conteúdo para mais de 160 línguas, usando IA. Isso permite aproximar pessoas que estão em vários países e possibilita que elas compreendam melhor o conteúdo de treinamentos e reuniões, o que aumenta o engajamento”, comenta Bruno Szarf, vice-presidente de Gente e Cultura do Grupo Stefanini.
Ele conta que antes da implementação da IA, era possível avaliar de 5% a 10% das chamadas ao call center da empresa. Hoje, é possível avaliar 100% dos atendimentos. Algo semelhante passou a acontecer nas entrevistas de desligamento, que antes era amostrais e hoje são 100% acompanhadas pela IA. “Aumentamos o conhecimento que temos sobre pontos positivos e as oportunidades de melhoria, o que acelera nossa evolução”, explica o executivo.
Outra área que teve um imenso ganho de produtividade foi o recrutamento e seleção. “Nosso time de recrutamento passava muito tempo promovendo os conteúdos para as áreas fazerem as entrevistas. Com a IA isso passa a acontecer em um clique. Tivemos um ganho de eficiência de 79% com a adoção da tecnologia”, afirma Szarf.
Na opinião do executivo, empresas de todos os setores podem se beneficiar do uso da IA nas atividades de Recursos Humanos. “Os profissionais podem trabalhar em atividades que agregam mais valor para a empresa, em vez de gastar mais tempo em tarefas repetitivas e manuais”, diz.
Mas existe uma questão ainda mais estratégica. “Com o uso de IA, a empresa se habitua com a inovação e com o uso de dados para a tomada de decisões. A criação desse ambiente de inovação é importante para dar agilidade e oferecer acesso a dados, informações e trabalhos que antes estavam indisponíveis. Isso torna a empresa mais leve e digitalizada, com processos mais aprimorados e resultados superiores”, analisa.
Nem tudo são flores, porém. A adoção da Inteligência Artificial em benefício dos negócios depende da existência de processos que utilizem dados inteligentes e nos quais as pessoas sejam capazes de fazer boas perguntas. “Não adianta aplicar a IA, por exemplo, a um processo jurídico de 400 páginas e fazer dezenas de perguntas se essas questões não são qualificadas e não exploram o potencial da ferramenta”, alerta o executivo.
Com o uso de Inteligência Artificial, o papel das pessoas se torna ainda mais importante. “As pessoas que usam os sistemas de IA precisam ser capazes de identificar os problemas para fazer boas perguntas. Isso requer mais conhecimento e mais mergulho nas necessidades de cada projeto”, comenta Szarf.
Outro ponto importante ligado às pessoas é quebrar a resistência às mudanças. “Especialmente quando a IA começa a entregar respostas diferentes daquelas que as pessoas estão acostumadas a obter, a reação natural pode ser desacreditar da tecnologia por achar que a resposta tradicional é a correta – o que nem sempre é o caso”, explica o vice-presidente. “Existe um enfrentamento de cultura que precisa acontecer, para que as mudanças ocorram nas empresas e elas possam extrair todo o potencial do uso da Inteligência Artificial”, completa.