Amanda Gasperini (*)
A transformação digital, independentemente da área, tem como premissa cultivar uma equipe com olhares diversos. Ao promover a troca de experiências e a cocriação de projetos, as equipes evoluem para acompanhar as necessidades de um mundo mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, também chamado de BANI, que reflete a realidade instaurada desde o início da pandemia.
O isolamento social impactou os processos e demandou uma nova abordagem das empresas para lidar com este cenário. A estrutura organizacional passou por mudanças a fim de manter o fluxo de trabalho e de entrega de serviços e produtos aos clientes, com um desafio ainda maior: promover experiências capazes de surpreender durante toda a jornada de interação dos consumidores com as marcas.
E para criar experiências diferenciadas que tornem as empresas mais competitivas, os times de produtos, marketing e inovação precisam estar cada vez mais conectados à área de negócios. As martechs, por exemplo, buscam integrar tecnologias digitais e online no mercado de marketing para solucionar os novos desafios que o mundo corporativo exige, sempre orientadas por uma cultura data-driven, De acordo com alguns especialistas, o investimento em marketing digital no mundo, em 2020, alcançou a marca de US$ 305 bilhões, o que demonstra que este movimento é um caminho sem volta.
A tecnologia, que ajuda a transformar digitalmente todos os setores da economia, acelera o desenvolvimento de produtos e serviços, ao mesmo tempo, em que abre oportunidades de trabalho para incentivar uma maior participação feminina em cargos de liderança. Em algumas martechs brasileiras, como acontece na Gauge, o número de mulheres em posições C-Level é superior à presença masculina. Não se trata de priorizar um gênero em detrimento do outro, mas valorizar o potencial que a diversidade de olhares traz para a sociedade e para os negócios.
É cada vez mais relevante promover a mudança de cultura e repensar a representatividade das mulheres nos cargos de liderança. Um estudo publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2018, aponta que os países ganham produtividade quando ampliam a participação feminina no mercado de trabalho. Intitulado “Ganhos Econômicos da Inclusão de Gênero: Novos Mecanismos, Novas Evidências”, a publicação sinaliza que ter mulheres na equipe levam também a ganhos de produtividade entre funcionários homens. Na mesma linha, uma pesquisa da McKinsey, em 2019, mostrou que as companhias que possuem pelo menos uma mulher em seu time de executivos são mais lucrativas e têm 50% a mais de chance de ampliar a rentabilidade e 22% de crescer a média da margem de Ebitda.
Se a equidade de gênero reflete na cidadania, na inclusão e no sucesso dos negócios, o que falta para mudar a visão e o comportamento do mercado? Num mundo cada vez mais digital, é impossível pensar a cultura da inovação sem equipes diversas. Ao promover este debate e criar oportunidades para que pessoas com ideias diferentes dialoguem, discordem e reflitam sobre as necessidades internas ou do cliente, abrimos um espaço para que os colaboradores se sintam mais engajados e felizes.
Dessa forma, as corporações estimulam o senso de pertencimento, a criatividade e a inovação. O resultado será a atração e retenção de talentos em empresas mais lucrativas e competitivas, que priorizam profissionais de mentes inquietas, que enxergam barreiras como oportunidade para transformar o trabalho e mudar percepções, adaptando-se aos desafios dos clientes para criar experiências que agreguem valor às marcas.
(*) Amanda Gasperini, Head de Marketing Analytics (data, media & martech) na Gauge, do Grupo Stefanini, e vice-presidente do Comitê de Mensuração do IAB Brasil.