NRF Big Show, principal evento do setor no mundo, destaca o que fará a diferença na vida das empresas ao longo deste ano
Reunindo quase 40 mil congressistas, mais de 1.000 expositores e cerca de 500 palestrantes em 175 sessões distribuídas ao longo de 3 dias, a NRF Big Show consolida, a cada ano, seu status como o maior evento de varejo do mundo. Em sua 114ª edição, o congresso da National Retail Federation (NRF) traz os principais insights do varejo global e aponta as tendências para o ano que se inicia.
De toda essa maratona, 7 pontos se destacam e apontam tendências para 2025 – em alguns casos, tendências que, em breve, se transformarão em pendências, tamanha a velocidade de transformação do varejo mundial.
1. IA, a força transformadora do varejo
A Inteligência Artificial (IA) está transformando todos os aspectos do varejo. Do atendimento ao cliente à gestão da cadeia de suprimentos, a IA é atualmente a grande força transformadora do setor – e a grande impulsionadora dos investimentos em tecnologia.
“A IA deverá reinventar as regras do varejo, e essa é uma grande diferença em relação a inovações tecnológicas anteriores”, disse David Roth, CEO da The Store – WPP. E a implementação da tecnologia será acelerada, uma vez que 67% dos entrevistados em um estudo da empresa acreditam que os benefícios superam as ameaças.
De acordo com um estudo do think tank Honeycomb, existem hoje mais de 2.000 casos práticos de uso de IA no mercado americano, que podem agregar valor de forma significativa a 230 processos de negócios do varejo. Isso mostra que uma abordagem 360 graus para IA é essencial para aproveitar melhor os benefícios da tecnologia.
2. O varejo continuará sendo um negócio de pessoas
Mesmo com a disrupção trazida pela tecnologia, o varejo continua e continuará a ser um negócio de pessoas. A Inteligência Artificial não irá substituir pessoas, e sim ampliar o valor das conexões humanas no varejo. “A tecnologia dá aos colaboradores o potencial de construir melhores relacionamentos, solucionar os problemas dos clientes e criar experiências memoráveis. É assim que as lojas físicas continuarão sendo relevantes em um mundo cada vez mais digital”, afirma Lee Peterson, VP Executivo da WD Partners.
3. Geração Z, autenticidade e comunidade
A autenticidade e o engajamento com a comunidade são essenciais para o sucesso das marcas, especialmente ao lidar com os consumidores da Geração Z. “O público mais jovem e digitalizado não busca apenas produtos, mas também as histórias e o propósito por trás deles”, explica Katie Welch, CMO da Rare Beauty, a marca fundada em 2020 pela atriz Selena Gomez.
A Rare Beauty é muito mais que uma marca de beleza. Com um faturamento anual de US$ 350 milhões e um valor de mercado superior a US$ 2 bilhões, a empresa se posiciona como uma provedora de saúde mental e aceitação pessoal para seus clientes. “Essa missão está no centro de todas as nossas ações e é reforçada pelo nosso fundo de impacto, que destina 1% das vendas para iniciativas de apoio à saúde mental”, acrescenta Katie.
4. Circularidade em expansão
Modelos de negócios circulares têm avançado para o mainstream do varejo, mesmo com o recente movimento de investidores conservadores contra iniciativas ESG. Empresas como Target, IKEA e Walmart têm incluído princípios de circularidade no design de produtos, embalagens e soluções de destinação de resíduos.
No Walmart, por exemplo, tem havido um esforço para trabalhar com fornecedores para investigar o que pode ser reusado ou reciclado, em vez de descartado. O resultado foi o desenvolvimento do marketplace Resold at Walmart, especializado em produtos de segunda mão, como vestuário, artigos esportivos, eletrônicos e eletrodomésticos. “Em menos de um ano, colocamos 5 milhões de produtos na plataforma, de 1.500 sellers”, disse Jerome Del Porto, diretor de sustentabilidade corporativa do Walmart.
5. A nova loja física
Em um varejo cada vez mais digitalizado, a experiência do cliente nas lojas físicas muda para se tornar mais imersiva, impulsionada pela tecnologia. Empresas como LEGO e IKEA reimaginaram seus pontos de venda como “hubs de experiências” que misturam elementos físicos e digitais e promovem um novo tipo de varejo.
“As lojas físicas não podem competir com a velocidade e conveniência do online. O design e a ambientação da loja podem criar uma experiência de ‘slow retail’, que convida os clientes a fazer uma pausa no dia. Priorize qualidade sobre a velocidade”, recomenda Lee Peterson.
6. Personalização movida pela IA
O uso de Inteligência Artificial e análise de dados tem um papel chave na oferta de melhores experiências para os clientes e no aumento dos índices de fidelização. É por isso que a Amazon está usando IA nos mais variados momentos da jornada dos clientes – da recomendação de produtos ao atendimento por meio de IA Generativa.
Para a empresa, velocidade e conveniência são essenciais para garantir competitividade. Por isso, a empresa investe pesado na infraestrutura que permite entregar em prazos cada vez mais curtos e ampliar a satisfação dos clientes. “Nossas aplicações de IA permitem prever em que fulfillment center alocar cada produto para reduzir os custos e tempos de entrega. Ao mesmo tempo, trazemos essas informações, atualizadas em tempo real, para as páginas de produto, para que o cliente tenha todas as informações à sua disposição”, comenta Doug Herrington, CEO global da Amazon Stores.
7. O poder do social commerce
O uso de plataformas de rede social, como o TikTok, como canal de varejo é uma realidade cada vez mais importante. Segundo um estudo da The New Consumer, 57% dos usuários diários do TikTok pertencentes à Geração Z fazem compras a partir da plataforma de vídeos.
Na Pacsun, a jornada de compras também passa inevitavelmente por esse canal. “Dez por cento de nossas vendas vêm do social commerce, pois entendemos que nossos 2 milhões de seguidores no TikTok são 2 milhões de potenciais clientes e passamos a trabalhar nosso perfil como uma mídia”, explica Brieane Olson, CEO da varejista. Nos últimos 18 meses, a empresa vendeu 500 mil calças jeans somente a partir de lives no TikTok. “É uma mudança significativa no nosso meio de pensar o negócio de varejo”, acrescenta.
A NRF Big Show 2025 mostrou que existem muitas oportunidades à espera de quem souber trabalhar bem o uso de tecnologia, de forma integrada ao modelo de negócios e de maneira estratégica, buscando alcançar consumidores atuais e futuros.